4 de junho de 2010

Vade retro!

Depois do projeto do senador Cristovam Buarque que institui cotas para a exibição do cinema nacional nas escolas públicas, chegou a vez das redes de TVs por assinatura sofrerem com o caudilhismo do nosso governo. Discute-se na Câmara dos Deputados o Projeto 29/07 que, entre outras coisas, imporá cotas de conteúdo nacional dentro dos atuais pacotes internacionais e cotas de novos canais nacionais dentro dos pacotes comprados pelos clientes, independentemente de escolha.

Pois é! Poder de decisão para que? Quem iria querer escolher os programas que vai assistir, não é mesmo?

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4 comentários:

  1. Cristovam Buarque lutando contra a osmose da burrice que paira sobre nossa geração.

    Ontem assisti pela noite o filme Luzes da cidade (City Lights) de Charles Chaplin e pela manhã assisti o ultimo filme do Hulk aclamado pela crítica (um bom filme para os dias de hoje). O que adianta ter uma dúzia de ovos na mão se não se sabe fazer um omelete?

    Sou a favor de tais medidas, afinal a tv por assinatura já esolhe o que os assinantes vão assistir mesmo.
    Tv paga e programas Pay per view são coisas diferentes, não vejo como fim da liberdade de escolha essa medida.

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  2. Rodrigo,

    Qualquer medida compulsória atenta contra a liberdade de escolha. Eu que não gosto do cinema nacional, por exemplo, jamais deveria ser obrigado a contratar pacotes que incluem-no. Onde fica a minha liberdade de não querer pagar por aquilo que eu não vou assistir? É como se você não gostasse de jiló e fosse obrigado a adquirir 100 gr do produto todas às vezes que comprasse 1 litro de leite, por exemplo.

    Por que cargas d'água o governo não utiliza o seu canal estatal como escoadouro da produção de cinema estatal? Além de financiar produções que não são do agrado da maioria da população com o dinheiro público, ele ainda tem que impor a sua veiculação por intermédio da iniciativa privada? Pense bem, Rodrigo: Qual o direito do Estado de dizer o que devo assistir em um serviço pelo qual EU estou pagando? O estado simplesmente não tem o direito de se intrometer na relação entre consumidores e prestadores de serviços. Trata-se de uma imposição arbitrária e antidemocrática que fere o direito ao livre arbítrio dos cidadãos. Por princípio, não posso aceitar tamanha ingerência em minha vida. Lembra-se da frase de Ortega: "Eu sou eu e minhas circunstâncias, se não as salvo, não me salvo"? Pois é!

    Isso para não falar nas questões práticas.

    Segundo o texto do projeto, os canais terão que exibir três horas e meia de programas semanais, a serem produzidos por produtores independentes, no horário nobre. O caráter obrigatório da decisão, encurtará consideravelmente o tempo de exibição dos acionistas e produtores, encarecendo o tempo nessa faixa de horário. É evidente que o resultado de uma medida tão draconiana quanto essa, será o aumento substâncial no preço de todos os pacotes futuros e atuais.

    E por favor, não me venha com aquela conversa de que o preço pode ser definido mediante regulamentação, pois desde o século passado nós sabemos que é a demanda quem determina os preços dos produtos e não a oferta. Não há como o governo exigir de um empresa que ela mantenha os seus preços no patamar atual, sem que para isso os empresários tenham que sacrificar os seus lucros ou adotar políticas de contensão de despesas (demissões).É, portanto, uma medida que causará inúmeros transtornos. Além, é claro, de sua natureza impositiva e antidemocrática.

    Quando os militares ousaram decidir o que as pessoas deviam ver, ouvir, ler ou aprender, por meio dos censores, os grupos e movimentos "de esquerda" arregaçaram as mangas e se puseram a gritar. No entanto, os mesmos que gritavam no passado hoje adotam medidas que produzem resultados semelhantes, mas com métodos absolutamente distintos. No fundo é apenas o governo querendo nos dizer o que ver, ouvir, ler e aprender. Exatamente como antes! Mas, como agora o ideário imposto pelos nossos burocratas agrada a meia dúzia de amantes perpétuos da cultura nacional, ninguém liga, ninguém protesta.

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  3. Entendo seu argumento, mas tenho tv por assinatura e o canal de filmes que assino não só com filmes que escolhi. A grade foi feita arbitrariamente, pois nunca me perguntaram o que queria assistir. Existem poucos filmes que me interesso muito, alguns que me interesso razoavelmente e MUITOS que estou literalmete cagando. Com a maioria das pessoas é assim. O dia tem 24horas e a semana 7 dias, pelas minhas contas 3h e meia por semana para diminuir a quantidade de porcaria que eles nos empurram goela a baixo é até pouco.

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  4. Rodrigo,

    Acontece que não é para DIMINUIR a quantidade de porcaria que nos empurram goela abaixo e sim para AUMENTAR. Eu já havia dito o que penso da programação que é exibida pelos canais de TV, tanto abertos quanto fechados: "Os distribuidores já nos impõem o cinema ianque, os Titanics, as Arcas Perdidas e os Avatares da vida. Agora o Estado brasileiro passa a impor os abacaxis nacionais".

    O cinema nacional é, em sua imensa maioria, um amontoado de bobagens. Raramente aparece um filme digno de nota como o excelente Luzes da Cidades, que você citou agora há pouco. Em geral, nossa produção cinematografica se resume a algumas películas de gosto duvidoso como Cidade de Deus, Central do Brasil e Lula, o filho do Brasil. Quase sempre os atores são péssimos e a estética... Bem, a estética é deplorável. Tirando uma ou outra adaptação da literatura (mérito da Globo), nosso cinema não passa de uma imensa apologia a pobreza, a violência e ao narcotráfico.

    Discorda? Então dê uma boa olhada em Quincas Berro d'Água, onde os pobres são bons e os ricos são necessariamente maus e afeitos a toda sorte de perversões; Tropa de Elite, onde um oficial de policia mais parece um verdugo dos tempos mediavais e Falcão - Meninos do Tráfico, onde um grupo de menores que traficam é mostrado como se estes fosse pobres vítimas da sociedade.

    Mas isso não é o que mais me incomoda. Nós estamos falando de uma medida compulsória que provavelmente irá transformar as empresas de TV por assinatura em mantenedores, mecenas do cinema nacional. Além disso, o governo irá se imiscuir, ainda mais, na vida íntima do cidadão por meio da ANCINE - Agencia Nacional do Cinema - que será encarregada de definir o que é ou não "qualificado" para que a sua família assista.

    Para completar esse samba do crioulo doido, o governo também poderá definir quando você deve assistir tais e tais programas, já que as cotas vão interferir justamente no horário de maior audiência (horário nobre). Que tal House às 04:00 da tarde e Carandiru às 08:30 da noite?

    Isso para não falar nos contratos existentes entre canais e operadores que serão quebrados, assim como os contratos entre as operadoras como a SKY e todos os assinantes de TV paga do Brasil. O resultado: mensalidades mais caras com conteúdo gerenciado e controlado pelo Estado; uma maravilha só vista e vivenciada pelos cidadãos dos países comunistas que viviam sob a ditadura do partido único.

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