14 de junho de 2010

O mito do miserê palestino

No ano passado, o site Palestina Hoje publicou uma série de fotos tiradas na região conhecida como Faixa de Gaza. As fotos mostram uma Gaza bem diferente daquela que estamos habituados a ver na TV e nos jornais. A julgar pelas fotos, as favelas brasileiras são muito piores do que a Faixa de Gaza. Sendo assim, não seria mais apropriado usar os milhões de doláres que o governo brasileiro tem doado aos palestinos em obras capazes de levar um pouco de dignidade para os moradores das nossas favelas?

Após o incidente envolvendo o navio Navi Marmara e as IDF (Israeli Defense Force), o mundo tem olhado com maus olhos para o bloqueio que os israelenses impõe aos moradores da Faixa de Gaza. Decerto, a decisão de impor um bloqueio aos palestinos não foi tomada ao acaso, mas os jornais do Brasil e do mundo estão pouco se lixando para isso. Segundo Leslie Gelb, ex-presidente do Conselho de Relações Exteriores (CFR), o bloqueio não só é perfeitamente racional, como também é perfeitamente legal. Gaza, sob o Hamas, é um inimigo autodeclarado de Israel - declaração apoiada em mais de 4 mil foguetes disparados contra território civil israelense.

Bloqueios semelhantes já foram usados em outras épocas por outros países. Como os EUA, por exemplo, que no auge da Segunda Guerra Mundial, bloqueou a Alemanha e o Japão como parte de uma estratégia de defesa. Com o bloqueio, os israelenses pretendiam desestabilizar o governo do Hamas e devolver o poder ao presidente Mahmoud Abbas, do Fatah. Mas as coisas não correram conforme o esperado. O cerco israelense e as sanções impostas pelo mundo ocidental paralisaram a economia e aumentaram consideravelmente as tensões políticas entre o Hamas e o Fatah, que deveriam formar um governo de coalização. Em junho de 2007, o Hamas acusou as forças do Fatah de estarem planejando um golpe, fazendo com que Abbas dissolvesse o governo.

Prevendo um conflito entre as duas facções, os EUA e o Egito treinaram e armaram uma boa parte dos membros do Fatah. O conflito ocorreu conforme o esperado, mas o resultado ficou muito aquém do desejado pelos americanos e egípcios. Após a batalha, o Hamas o governo da Faixa de Gaza, enquanto o Fatah retomou o controle da Cisjordânia. O presidente palestino, Mahmud Abbas, expulsou da Cisjordânia os eleitos partidários do Hamas e reforçou a Autoridade Palestina com a ajuda de Israel e dos países ocidentais.Como o Hamas é visto por quase todo o mundo civilizado como um grupo terrorista, as negociações ficaram restritas ao Fatah, de Mahmoud Abbas.

Assim, Israel fechou todos os postos que faziam fronteira com a Faixa de Gaza e impôs o bloqueio ao território palestino, proibindo todas tipo de exportações. Os críticos argumentam que não é humanamente aceitável que a população de um país seja deixada a mercê de outro que não tem nenhum compromisso com os direitos humanos, mas isso não é verdade.

Mesmo hoje, com o bloqueio em vigor, Israel investe recursos doados por diversas organizações e países além de usar recursos oriundos dos impostos que são cobrados dos seus cidadãos na melhoria da qualidade de vida do povo palestino. As fotos que vocês verão entre um dado e outro foram feitas na faixa de Gaza nos últimos meses e mostra uma população bem servida dos gêneros básicos que lhes permitiria levar uma vida de primeiro mundo. Se isso não acontece é porque as suas lideranças, tendo à frente o Hamas.

Não há, em nenhum lugar do mundo, um bloqueio que impeça a passagem de comboios transportando ajuda humanitária. Portanto, é mentira que os israelenses tenham investido contra os navios para saquear a sua carga e sequestrar os seus tripulantes. Por que razão o governo que abriu um canal para a transferência de produtos alimentares perecíveis e demais necessidades básicas em Gaza, se envolveria em um imbróglio como aquele? Ora, nenhuma!

É importante salientar que o canal aberto pelo governo israelense é usado por organizações internacionais reconhecidas, incluindo a ONU e a Cruz Vermelha. Só nos últimos 18 meses, mais de um milhão de toneladas de suprimentos entraram em Gaza vindas de Israel. Isso totaliza quase UMA TONELADA de doações destinadas a atender as demandas dos homens, mulheres e crianças residentes na Faixa de Gaza. São transferidos ainda fertilizantes orgânicos (inadequados para o uso no preparo de explosivos) e suprimentos que podem ser desenvolvidos lá mesmo, tais como sementes, ovos para reprodução, abelhas e equipamentos para a produção de flores ornamentais.

Claro, nada disso é mostrado pela imprensa que na maioria absoluta das vezes, só está interessada em demonizar Israel.

No primeiro trimestre de 2010 (janeiro-março), foram transferidos para Gaza nada menos que 94 500 toneladas de suprimentos em 3.676 caminhões. Além destes suprimentos, entraram em Gaza 48.000 toneladas de alimentos industrializados, 40 mil toneladas de trigo, 2.760 toneladas de arroz, 1.987 toneladas de roupas e calçados e 553 toneladas de leite em pó e comida para bebês. Durante a semana, normalmente, as IDF coordenam a transferência de centenas de caminhões que carregam, em média, 15 mil toneladas de suprimentos.

Israel também tem mantido um canal destinado a transferência de pacientes para fora de Gaza. Por meio deste canal, aproximadamente 10.544 pacientes e seus companheiros deixaram a Faixa de Gaza para receber tratamento médico em Israel, somente em 2009. Além disso, aconteceram 382 retiradas de pacientes da Faixa de Gaza para serem tratados em hospitais israelenses, que dispõem de melhor infra-estrutura. Somente a organização médica Hadassah doa, por ano, três milhões de dólares em ajuda para o tratamento de palestinos que vivem em Israel.

Em 2009, foram introduzidos cerca de 4 mil toneladas de equipamentos médicos e medicamentos para hospitais e clínicas estabelecidas na Faixa de Gaza. E só no primeiro trimestre de 2010, Israel já mandou 152 caminhões de suprimentos médicos e equipamentos para Gaza. Isso para não falar na transferência de suprimentos médicos para pessoas com deficiência física, incluindo cadeiras de rodas, muletas e kits de primeiros socorros. Também foram fornecidos monitores cardíacos, tubos de alimentação para bebês, equipamentos odontológicos, livros médicos, ambulâncias de emergência, próteses e sacos de dormir para crianças.

Naturalmente, nem tudo são flores. O envie de ferro, por exemplo, é controlado porque no passado o Hamas costumava desviar este tipo de mercadoria para a construção de mísseis e bunkers. Graças a essa atitude, Israel hoje monitora os caminhões que transportam estes produtos e outros materiais de construção, como madeira e janelas. Acompanha, monitora, mas não deixa de enviar. Durante o primeiro trimestre de 2010, foram transferidos 23 toneladas de ferro e 25 toneladas de cimento para a Faixa de Gaza.

Em 13 de maio de 2010, Israel permitiu a entrada de aproximadamente 39 toneladas de material de construção em Gaza para ajudar na reconstrução de um hospital danificado. O material foi usado na restauração do Hospital Al Quds, mas a transferência só foi feita depois de receber garantias de organizações francesas que asseguraram eles não seriam desviados para outros propósitos.

Findo o mito de que Israel mantêm os palestinos confinados em "campos de concentração" semelhantes aqueles em que Hitler confinava os judeus na Segunda Guerra Mundial, vamos tratar de uma outra acusação que é feita comumente ao governo israelense: de cortar a energia da Faixa de Gaza e deixar os seus habitantes às escuras.

Segundo um relatório da ONU de Maio de 2010, 120 megawatts do fornecimento de eletricidade para a Faixa de Gaza vem da rede elétrica de Israel. Isso corresponde a 70% de toda energia consumida na região. Os 30% restantes vêm do Egito e de uma estação de energia instalada na Cidade de Gaza. Desde janeiro de 2010 vem acontecendo uma queda no fornecimento de energia para os habitantes da Faixa de Gaza, porque o Hamas não está disposto a obter o combustível para a sua Central Elétrica.

Como Israel facilita a transferência de combustíveis na fronteira, se a central Elétrica da Cidade de Gaza não vem recebendo suprimentos suficientes para se manter ativa, este fato se deve à negligência do Hamas e não aos supostos boicotes de Israel. Nos últimos 18 meses, mais de 133 milhões de litros de combustível entraram em Gaza a partir de Israel. E ao longo de 2009, Israel transferiu 41 caminhões com equipamentos para a manutenção da rede elétrica de Gaza. Ainda assim, Gaza convive quase que diariamente com os apagões e os danos nos eletrodomésticos dos seus moradores já se tornaram frequentes.

Mesmo com todos esses dissabores, a expectativa de vida esperada na Faixa de Gaza (2010) é 73 anos. Uma taxa melhor do que a de países como Estônia, Malásia, Jamaica e Bulgária. O paradoxo entre esses dados e os argumentos dos críticos que tentam pintar os israelenses como colonos cruéis se torna ainda mais evidente quando analisamos a taxa de mortalidade infantil em Gaza: 17,71 para cada 1000 nascimentos; índice acima da China, Jordânia, Líbano e Tailândia.

Os críticos têm que explicar como a taxa de fertilidade de um povo que supostamente é vítima de um genocídio, pode ser igual à de países Africanos, como Ruanda e Senegal. Claro, isso não é exatamente fácil de se explicar, mas que eles têm que tentar... Ah, isso eles têm!

*As duas fotos que ilustram esse texto foram extraídas do site: http://www.paltoday.ps/arabic/News-64161.html

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