8 de junho de 2010

Allegro ma non troppo: Uma viagem ao reino da estupidez humana

Carlo Cipolla foi um dos maiores historiadores contemporâneos, especialista em Idade Média (lecionou em várias universidades europeias) e escreveu diversos livros, entre os quais, um se destaca pelo humor fluido com que foi escrito. Cipolla costumava dizer que "o humorismo é a capacidade inteligente e sutil de realçar e representar o aspecto cômico da realidade".

É evidente que o humor fino, sarcástico, é diferente da ironia: "Quando alguém faz ironia, ri dos outros. Quando faz humorismo, ri com os outros". Podemos até dizer que, utilizado com moderação, o humorismo é "a solução por excelência para reduzir tensões, ultrapassar situações penosas, facilitar as relações e a convivência humana".

Gostaria de citar um trecho do livro para que vocês entedam o meu apreço por ele:
A pessoa inteligente sabe que é inteligente; o bandido tem consciência de que é bandido; o ingênuo está penosamente compenetrado da sua falta de prevenção. Ao contrário de todas estas personagens, o estúpido não sabe que é estúpido: e isso contribui portentosamente para dar maior força, incidência e eficácia à sua ação devastadora. O estúpido não se encontra inibido por aquele sentimento que os anglo-saxônicos designam por self-conciousness. Com um sorriso nos lábios, como se levasse a cabo a coisa mais natural do mundo, o estúpido surgirá imprevistamente para nos estragar os planos, nos destruir a paz, nos complicar a vida e o trabalho, fazendo-nos perder dinheiro, tempo, bom humor, apetite, produtividade - e tudo isto sem malícia, sem remorso e sem razão. Estupidamente.
(O excerto citado é de Allegro ma non troppo. As leis fundamentais da estupidez humana, lançado pela editora Texto & Grafia, de Lisboa).
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Um comentário:

  1. Ótimo texto!
    Como já disse sabiamente o saudoso mestre Henfil: "Enquanto os sábios pensam sem certeza, os idiotas atacam de surpresa"..rs...
    Com os melhores cumprimentos,
    JC

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