7 de julho de 2010

Entre a cruz e a espada

Como vocês sabem, não tenho costume de fazer previsões sobre o resultado das eleições que se avizinham e tampouco atribuir aos institutos de pesquisa dons premonitórios. Como já escrevi aqui, ainda é muito cedo para prever quem será o vencedor do próximo pleito. No entanto, já podemos dizer que não importa quem vença a disputa, o país sairá perdendo. Afinal, escolher entre uma terrorista impenitente e um ex-líder estudantil amargurado não deixa de ser uma tremenda "escolha de Sofia".

A primeira costuma afirmar que o país mudou, que os tempos mudaram e etc., mas por alguma razão inexplicavel continua se referindo com uma ponta de orgulho aos tempos em que militava em organizações terroristas que queriam transformar o Brasil em uma republiqueta soviética. Será que o Brasil terá a cara e a coragem de eleger, duas décadas depois da queda do Muro de Berlim e da derrocada do comunismo, uma militonta comunista? Eu não sei, mas até que ela tem boas chances.

O segundo é um político de menor expressão que por já ter aprontado das suas, se recusa a fazer oposição à candidata do governo. Pela primeira vez na história da república aoposição – que de oposição nada têm – tem em mãos um acervo de denúncias capaz de fazer corar os reportéres que denunciaram o escândalo no complexo Watergate. Mas, por temer a reação da sua adversária, Serra não ousa utilizá-lo. Mensalão, falso dossiês, as relações privilegiadas do filho do presidente com uma operadora de telefonia, o assassinato de Celso Daniel... Tudo isso viria bem a calhar agora!

Não se pode dizer que o medo de Serra é infundado, afinal, quem esconde os seus próprios mensaleiros - refiro-me a Eduardo Azeredo - não pode sair por aí expondo os mensaleiros dos outros. É tudo muito simples! Se ele decidir denunciar as corrupções do PT, terá que prestar conta das corrupções do PSDB. O tucano tampouco pode atacar o obsoletismo das esquerdas, porque participou ativamente dele. E também não pode investir contra Lula, porque sabe que nem de longe é tão popular quanto ele. Ora, nesse caso o que diabos ele pretende fazer? Eu ainda não sei e duvido muito que alguém saiba.

Não quero que pensem que estou aqui tomando o partido do candidato do PSDB. Longe disso. Para mim, tanto Serra como Dilma valem a mesma coisa. Isto é, zero. Estou apenas constatando que se os tucanos não mudarem a toada rapidamente, vão perder as eleições pela inércia do seu candidato. Nesse momento, os petistas estão nadando de braçadas. Claro, isso só está acontecendo porque o PT tem a sorte de contar com uma oposição absolutamente idiota.

Não passa um só dia sem que eu receba uma série de spans de generais de pijama denunciando as falcatruas do governo federal. Na ausência de uma oposição confiável, esses bravos senhores tomaram para si a responsabilidade de impedir o avança das hostes comunistas. Ora, mas por que razão, motivo ou circunstâncias não fizeram isso enquanto estavam na ativa? Silêncio. É sempre assim. Garantida a aposentadoria, os generais de antanho se transformam em verdadeiras feras. Quando estavam na ativa e detinham o poder das armas, dobraram a cerviz e capitularam diante dos abusos cometidos pelos seus superiores. Mas agora que estão na reserva, se transformaram em verdadeiros paladinos da democracia, guardiães das liberdades civis. Esse fenômeno me leva a crer que nada confere mais coragem a um general que um confortável pijama.

Isso sem falar nos monomaníacos que só pensam naquilo: atacar o PT. Não, não estou defendendo o partido corrupto. Pessoas como Tarso Genro, Marco Aurélio Garcia, Pilla Vares, Flávio Koutzii e José Genoino não são dignos de clemência. O problema é que atacar o PT com calúnias ou denúncias inconsistentes é o mesmo que favorecê-lo. E é exatamente isso que os anti-petistas profissionais, que algum lucro devem aferir das suas campanhas sistemáticas, tem feito. Querem um exemplo? Um dia desses eu recebi um email explicando por que Dilma Rousseff não pode ser presidente do Brasil. Segundo o autor, a candidata petista não poderia se tornar presidente porque teria participado do seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick e nos Estados Unidos não há prescrição para um crime como esse. Sendo assim, Dilma estaria impedida de entrar em território americano mesmo depois de eleita. O autor dessa pérola só se esqueceu de uma coisa: Dilma não participou do seqüestro de Elbrick.

Será que mesmo com todos os escandâlos de corrupção, compadrio, formação de quadrilha e lavangem de dinheiro, as pessoas que advogam a favor do PSDB não consegue encontrar argumentos para defender José Serra? Será que no meio desse valhacouto de ladrões não há uma só notícia digna de ser mencionada por eles? Triste país este meu, em que a oposição está oferecendo a situação mais quatro anos de poder. Em outras épocas eu até ficaria triste, mas hoje não. Estou convencido que os governantes são apenas um reflexo - ainda que deletério - do menoscabo da população que os elegeu.

Bookmark and Share

Nenhum comentário:

Postar um comentário