
Chance (Peter Sellers) é um homem ingênuo que passa toda a sua vida cuidando de um jardim e assistindo televisão, seu único contato com o mundo exterior. Ele nunca entrou em um carro, não sabe ler ou escrever, não tem carteira de identidade, resumindo: ele não existe oficialmente. Quando seu patrão morre, ele é obrigado a deixar a casa em que sempre viveu e, acidentalmente, é atropelado pelo automóvel de Benjamin Rand (Melvyn Douglas), um grande magnata que se torna seu amigo e chega a apresentá-lo ao Presidente (Jack Warden). Quando Chance volta a si, as pessoas lhe perguntam qual é o seu nome e então ele responde: "Chance, o jardineiro". Atônitos com o que acabara de acontecer, eles confundem a palavra "gardener" com "gardner" e passam a achar que Chance é na verdade um homem muito sábio.
Daí em diante, ele é levado para a casa de Benjamin Rand e apresentado ao círculo de amigos do seu anfitrião. Em pouco tempo, Eve, a esposa de Rand, se apaixona pelo suposto Chance Gardner sem saber quem ele realmente é. O jardineiro com pinta de filósofo encanta a todos e chega, inclusive, a ser cotado para o cargo de presidente, pois seus novos amigos estão convencidos de que é preciso ter alguém com o "perfil" dele na política americana.
E qual é o segredo de Chance? Assim como Lula, o nosso presidente, Chance recorre as metaforas até mesmo para explicar o óbvio. Ele usa a sua especialidade, a jardinagem, para explicar tudo que não entende e sempre deixa a conclusão das suas sentenças a cargo dos seus ouvintes. Se alguém lhe pergunta como enfrentar o perigo soviético, ele responde: "Num jardim, as ervas daninhas tem que ser contidas antes que tomem conta de todo o canteiro". E os presentes, com aquele olhar basbaque, concluem: "Ohhh, isso quer dizer que..."
E as semalhanças não param por aí! Quando uma jornalista pergunta a Chance "que jornais você lê?", ele responde dizendo "eu não leio jornais". O carisma de Chance é tão grande que, ao invés de demonstrar espanto com a resposta, a repórter anuncia para a câmera: "Muitos homens não leêm jornal algum, mas apenas um teve coragem de admitir".
Óbviamente, Lula não é idiota como Chance, "the gardener". Ele é capaz, por exemplo, de entender a política em toda sua complexidade. Na realidade, o presidente e o jardineiro só se parecem nos métodos que utilizam para seduzir a sua audiência. Lula está sempre reduzindo tudo a uma simples partida de futebol: da ditadura iraniana ao confronto eleitoral de 2010, tudo se explica pelo futebol.
Na ficção, Chance quebrou a cara (acabou sendo descoberto porque a sua mesmisse o traiu), mas na realidade brasileira... Chance se tornou presidente e continuou a ser aquele sujeito admirado que sempre - ou quase sempre - foi.
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